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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

MV Bill, O Bagulho é Doido


Alex Pereira Barbosa (Rio de Janeiro, 3 de janeiro de 1974), mais conhecido pelo nome artístico MV Bill, é um rapper e escritor brasileiro. Iniciou a carreira na música em 1988, quando começou a escrever sambas-enredo para seu pai, sendo que em 1993 fez sua primeira participação em um disco oficial.[1] Seu primeiro álbum foi lançado em 1999 sob o título de Traficando Informação, que contou com a faixa "Soldado do Morro", que fez MV Bill ser acusado de apologia ao crime.[2] Três anos depois, gravou o segundo trabalho, chamado Declaração de Guerra, com participações de artistas como Charlie Brown Jr. e Nega Gizza. Sua discografia ainda abrange outros dois álbuns, Falcão, O Bagulho é Doido, de 2006, e Causa e Efeito, de 2010.[3] Ainda, lançou um disco de vídeo em 2009, intitulado Despacho Urbano.

Paralelamente à carreira de rapper, MV Bill lançou em 2005, junto com Celso Athayde, o livro Cabeça de Porco. No ano seguinte, Falcão - Meninos do Tráfico, disponibilizado em livro e DVD, que tornou-se conhecido nacionalmente após exibição no programa Fantástico, da Rede Globo. O documentário conta a história de dezessete jovens que se envolveram com o tráfico de drogas, onde somente um sobreviveu. Durante as filmagens, Bill chegou a ser detido e preso por policiais.[4] Uma sequência desse material foi lançada em 2007, sob o nome Falcão - Mulheres e o Tráfico.

MV Bill também atua como ativista social, tendo criado junto com Celso Athayde a organização não-governamental Central Única das Favelas (CUFA), presente em todos os estados do Brasil. Acompanhada da CUFA, veio o Festival Hutúz e consequentemente o Prêmio Hutúz, que enquanto existiu, foi considerado o maior do gênero na América Latina.[1] Em 2009 participou das filmagens do filme Sonhos Roubados e, no ano seguinte, passou a integrar o elenco da 18ª temporada da telenovela Malhação, exibida pela Rede Globo, como o persongem Antônio.[5]

Biografia

Anos iniciais

Alex Pereira Barbosa nasceu em 3 de janeiro de 1974 no bairro Cidade de Deus, localizado na cidade do Rio de Janeiro, onde reside até hoje. Seus pais são Mano Juca, que exerce a profissão de bombeiro, e Dona Cristina, dona-de-casa.[1] Ganhou o apelido de "Bill" logo aos oito anos de idade, em referência a um rato que vinha nas figurinhas de chiclete da Copa do Mundo FIFA de 1982. Já a alcunha MV apareceu mais tarde, em 1991, quando senhoras evangélicas da Cidade de Deus o rotularam por "Mensageiro da Verdade", pelo modo como transmitia a realidade das favelas.[2]

Seu primeiro contato com o hip hop ocorreu até o 1984, através da breakdance e do Miami Bass. Mas, efetivamente, essa relação teve início em 1988, quando assistiu ao filme As Cores da Violência e leu a tradução de algumas canções presentes na trilha sonora do mesmo. A partir daí, começou a formular músicas, mas como o que predominava no seu bairro era o samba-enredo, ele cantava junto com o seu pai em uma escola de samba.[1]

Em 1993, participou da coletânea musical Tiro Inicial, de diversos estilos de música, a qual revelou Gabriel o Pensador. Foi a partir desse ano que MV Bill decidiu seguir a carreira de rapper.[1]

1998-2000: Primeiras canções e Traficando Informação

Em 1998, MV Bill lançou o disco CDD Mandando Fechado, pela gravadora Zâmbia Fonográfica, com músicas que contam a realidade do bairro em que mora, mas com o nome das pessoas alterados para preservar as respectivas identidades.[6] Um ano depois, este álbum foi remasterizado com a adição de três novas faixas e relançado pela Natasha Records com o título Traficando Informação.[7] O disco, que contou com a produção de Ice Blue, integrante dos Racionais MC's, teve a participação especial de KL Jay, DJ Will, PMC e sua irmã Kmila CDD. As três faixas inéditas são "De Homem pra Homem", "Sem Esquecer as Favelas" e "Soldado do Morro".[1]

Ainda em 1999, MV Bill lançou seu primeiro videoclipe, "Traficando Informação", através da Conspiração Filmes.[8] Participou do Free Jazz Festival como um dos únicos artistas de rap, onde polemizou ao apresentar-se com uma arma na cintura, que mais tarde afirmou ser de brinquedo.[9][2] Uma das suas mais famosas atitudes está o fato de só dar entrevistas na Cidade de Deus. Ficou ainda mais conhecido em 2000, ao estrelar uma campanha publicitária de televisão contra o vandalismo em telefones públicos.[2] Em 2000, foi indicado ao Video Music Brasil com a canção "A Noite", mas acabou sendo derrotado por "Us Mano e as Mina", de Xis.[1]

Em dezembro de 2000, o rapper lançou o videoclipe de "Soldado do Morro", onde também retrata o trabalho dos traficantes no bairro. Foi acusado de apologia ao crime por usar um fuzil em todo o videoclipe e recebeu represálias negativas de algumas personalidades da música.[10] Em contraponto, Caetano Veloso, Djavan e Gilberto Gil se posicionaram a favor de MV.[8] O videoclipe foi premiado no Prêmio Hutúz - o maior do gênero na América Latina - como "Melhor Videoclipe do Ano" e no tradicional Video Music Brasil 2001, da MTV, como "Melhor Videoclipe de Rap".[1]

2000-2005: Declaração de Guerra e estreia como escritor

No ano seguinte, lançou seu segundo álbum oficial, através da Natasha Records e da BMG, chamado Declaração de Guerra, que basicamente trata sobre os mesmos assuntos de Traficando Informação. Conforme explicado pelo artista, a declaração de guerra é em favor dos excluídos e contra o preconceito ao negro.[11] O disco traz participações de Charlie Brown Jr., Buiú da Doze, Kmila CDD, Nega Gizza, e de seu pai. Neste trabalho, MV Bill utilizou uma expansão do rap, com outros estilos musicais, como o samba rock e a MPB. Entre os destaques estão "Dizem que Sou Louco", "Só Deus Pode me Julgar" e "Soldado Morto".[1]

Em abril de 2005, MV Bill iniciou também sua carreira de escritor, lançando junto com o produtor Celso Athayde o livro Cabeça de Porco, que foi co-escrito por Celso Athayde e Luiz Eduardo Soares e lançado pela Editora Objetiva.[12] Ele trata da entrada rápida dos jovens da periferia no mundo do crime e utiliza dados de pesquisas etnográficas, entrevistas e filmagens.[1]

2006-2007: Falcão - Meninos do Tráfico e Falcão, o Bagulho é Doido

Em 2006, Bill lançou junto com Athayde o famoso livro e documentário Falcão - Meninos do Tráfico, que conta a história de dezessete meninos envolvidos com o tráfico de drogas em diferentes favelas, sendo que somente um deles sobreviveu.[13] A partir do dia 19 de março de 2006, o documentário começou a ser exibido no programa Fantástico da Rede Globo.[14] A primeira transmissão teve cerca de 58 minutos, correspondendo a cerca de metade do tempo do programa. Este foi um fato inédito desde 1973, quando foi a última vez que o Fantástico exibiu um documentário de produção independente.[15] Também foi citado na Globo News e na TV Câmara na mesma semana. Por causa disto, o então presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva convidou MV Bill para uma audiência particular no Palácio do Planalto, onde foi presenteado com o DVD e o livro.[1] O filme recebeu o Prêmio Rei, da Espanha.[16]

Meninos do Tráfico resultou no terceiro álbum de estúdio de MV Bill, chamado Falcão, O Bagulho é Doido, lançado no mesmo ano pela Universal Records.[17] Como uma trilha sonora do documentário, O Bagulho é Doido traz a mesma ideologia apresentada nos outros trabalhos.[1] Caetano Veloso fez uma participação em "Língua de Tamanduá", que foi o destaque junto com "O Bagulho é Doido", "Estilo Vagabundo" (com Kmila CDD) e "Preto em Movimento".[2]

Em julho de 2007, marcou presença em outro festival contendo música brasileira em prol da preservação ambiental, o Live Earth, realizado na Praia de Copacabana.[18] No mesmo ano, lançou o terceiro livro de sua carreira, chamado Falcão - Mulheres e o Tráfico, onde explana a mesma condição do documentário anterior, mas com as mulheres que fazem parte do tráfico.[19]

2008-presente: Despacho Urbano e Causa e Efeito
Em 2008, MV Bill estreou o programa "A Voz das Periferias", na rádio Roquette Pinto 94.1 FM.[20] Em 2009, é lançado o primeiro DVD da carreira de MV Bill. Lançado pela gravadora independente Chapa Preta, Despacho Urbano contém dez faixas de sucesso, onze videoclipes e cinco extras, onde são incluídos depoimentos e ensaios.[21] Este DVD fez MV Bill ser indicado novamente ao Video Music Brasil, onde foi escolhido o "Destaque no Rap" de 2009.[22] Na última edição do Prêmio Hutúz, que foi idealizado pela Central Única das Favelas, criada pelo próprio MV, o rapper foi escolhido como um dos "Melhores grupos ou artistas solo da década" e Declaração de Guerra como "Melhores álbuns da década".[23]

Sem lançamentos inéditos desde 2006, MV Bill voltou com a música "O Bonde não Para" em 2009, juntamente com sua irmã Kmila CDD, o qual foi acompanhado de um videoclipe dirigido pelo próprio artista.[24] Em abril de 2010, após uma espera de cerca de um ano pelo público foi lançado pela Universal Music junto com a Chapa Preta, o álbum Causa e Efeito, onde MV apresenta um rap menos "agressivo", mas sem deixar de apresentar o conteúdo nas letras que o deixaram conhecido nacionalmente.[25] Causa e Efeito contou com a participação de Chuck D, vocalista do aclamado Public Enemy e Chorão, do Charlie Brown Jr.. O álbum é vendido nos concertos ao preço de R$ 5.[26]

Além de "O Bonde não Para", a canção "Corrente" também ganhou um videoclipe, que foi feito em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, novamente com sua irmã Kmila.[27] O álbum e os videoclipes fizeram Bill vencer pela segunda vez consecutiva a categoria "Destaque no Rap", no Video Music Brasil 2010.[28] Em agosto do mesmo ano, teria sido confirmado que Bill iria fazer parte da trilha sonora do filme Velozes e Furiosos 5[29], fato que foi desmentido pelo mesmo no mês seguinte.[30]

























Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
http://pt.wikipedia.org/wiki/MV_Bill

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